segunda-feira, janeiro 21, 2008

MANIFESTO PELA EXTRADIÇÃO DE ABADIA



Na escola primária aprendí que devíamos nos ufanar do nosso país, por todas as maravilhas que nele há. Que as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como em qualquer outro lugar e que a nossa história e tradição devem ser defendidas e preservadas ao longo das nossas vidas, sendo repassada aos nossos descendentes, que as passarão aos seus e, assim, perpetuadas. Confesso que me esforço o quanto posso para defender a minha pátria de ataques vãos e que não gosto de ouvir brasileiros que emigraram daqui fazendo comparações exdrúxulas entre o Brasil e os países para os quais se transferiram, decantando as suas maravilhas e a nossa miséria. Menos ainda tolero ou permito que qualquer estrangeiro metido a besta ouse falar mal da minha terra, seja ele de onde for... "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é ..." Diz a canção popular.
Mas, por mais que me esforce, não consigo me ufanar de um país cuja justiça protege toda sorte de marginais, especialmente os gringos. Lembro muito bem da panacéia que foi a cobertura midiática em torno da defesa em prol da retenção, em nosso território, do finório assaltante do trem pagador da Inglaterra, RONALD BIGGS. Houve uma mobilização cinematográfica, uma verdadeira comoção nacional, nunca dantes vista neste país, para impedir que a Scotland Yard conseguisse levar de volta à sua terra o maior ladrão de todos os tempos, a fim de que ele sofresse a devida punição pelo crime cometido com requinte hollywoodiano. Em contrapartida, quando um brasileiro se vê às voltas com a lei em outro país (V. Caso Ana Virgínia, em Portugal) ou, até mesmo, quando é vítima fatal do preconceito e da intolerância da polícia estrangeira (V. Caso Jean Charles, na Inglaterra) há um incompreensível silêncio sepulcral da sociedade como um todo em torno do assunto.
Agora, a bola da vez é o traficante JUAN CARLOS ABADIA. Alguém pode me responder por que cargas d'água a justiça brasileira, ao invés de tomar-lhe a grana mal-adquirida e mandá-lo pro raio que o parta, seja pra onde for que esse criminoso queira ir, prefere retê-lo aqui, onerando os cofres públicos e sem a "bufunfa" que ele próprio pretende liberar em troca da sua extradição?
Ninguém venha me falar que é pra preservar a ética de não negociar com criminosos, porque vai me parecer cômico demais ... Fala sério!
É desalentador constatar o grau de protecionismo que permeia as decisões judiciais quando os julgados são, comprovadamente, culpados, notadamente aqueles "ladrões de casaca". A profusão de casos é tamanha, que nem dá pra enumerá-los, mas sempre vale a pena tergiversar sobre alguns mais recentes, de bizarras "prisões" e sem efeito prático algum: O do juiz "LALAU" é um dos mais exemplares, porque o sacripanta não só não se encontra preso em cárcere algum (está é guardadinho de qualquer possível incômodo, no recesso do seu lar), como não teve que devolver um tostão sequer da grande soma que abiscoitou por vias escusas e da qual a sua família (além dele próprio) continua usufruindo largamente. PC FARIAS, OS ANÕES DO ORÇAMENTO, OS POLÍTICOS DO MENSALÃO, etc, etc, etc... são outros tristes exemplos memoráveis ...
A mim, como brasileira, não interessa a prisão de nenhum. Ao contrário: Muito me contentaria vê-los todos, sem exceção, livres nas ruas ... Literalmente nas ruas ... Pedindo esmola, na sarjeta, amargando a miséria de tantos outros homens, mulheres e crianças inocentes que nenhum dano financeiro causaram ao país, mas vivem jogados à fome, ao relento, ao frio e ao léo, eternos paladinos da esperança. Esses mesmos a quem eles tanto prometeram. Quanto ao dinheiro do qual, vergonhosamente, esses larápios da boa-fé se apoderaram prevalecendo-se dos seus nababescos cargos, esse, sim, eu gostaria de ver retido, mas no erário público, transformado no maior dos castigos que poderia ser imputado aos poderosos corruptos: A EDUCAÇÃO do povo, o que redundaria na definitiva inelegibilidade dos seus algozes ... Para sempre!
A opção entre ficarmos com JUAN CARLOS ABADIA ou com o dinheiro que ele adquiriu pervertendo nossos jovens e destruindo famílias inteiras é tão óbvia, que não caberia nem defesa, ao meu humilde entendimento, mas ... Vá saber o que se passa nas cabeças dos que integram o nosso Judiciário!!!