segunda-feira, março 05, 2007
ENQUANTO ISSO, NA SALA DE ESPERA ...
Agora que tudo voltou ao normal, resolví tentar postar algo sobre a minha viagem ao Rio, que foi, como não poderia deixar de ser, maravilhosa. É bem verdade que começou não muito bem, com um atraso de cinco horas no nosso vôo, mas meu filho e eu soubemos fazer da espera um momento de descontração. Tudo por conta da minha mania de prestar atenção nas conversas paralelas, sobre a qual já falei aqui.
Junto com a multidão que se comprimia no portão de embarque, disputando cada espaço existente nas cadeiras e até no chão, demos sorte de sentar perto de uma dupla (que inicialmente pensei tratar-se de um casal de gays) de irmãos que logo se tornaram o alvo das nossas atenções por protagonizarem uma cena digna de um quadro do programa televisivo "Zorra Total", em que um personagem, "Aderbal", mal consegue abrir a boca pra falar, porque a sua mulher não só interpreta o que ela julga ser a sua opinião, como não permite que ele, sequer, articule os músculos da face pra se pronunciar.
Ao ouvir que o avião se encontrava na pista mas tinha que aguardar autorização pra decolar, o irmão falador começou a tentar demover o outro da idéia de esperar e desistir da viagem, já que a estimativa de tempo pra decolagem era de cinco horas, conforme anunciado. O sujeito falava pelos cotovelos e a cada tentativa que o outro fazia de dar a sua opinião, ele fazia um aceno com a mão pro irmão se calar e argumentava: " Tiago, você não está sendo coerente! Olha só: A gente vai pra casa, come, dorme e amanhã a gente pensa em outra idéia ... Tiago, eu tô com fome, porra! Essa merda desse avião só vai sair daqui a cinco horas, no mínimo! Eu quero ir embora, Tiago ... Vamos! Por favor, Tiago! Você acha justo eu viajar só porque você quer? Hein, Tiago? Se eu for embora sozinho, papai vai me dar uma bronca porque deixei você viajar só, Tiago! Vai sobrar pra mim ... Tudo sobra pra mim, Tiago, porque eu sou o mais velho! Eu sou responsável por você, Tiago! Você não sabe que as suas merdas sempre sobram pra mim? Então? ( e Tiago não tinha o direito de abrir a boca, coitado) ... Eu vou ligar pra mamãe, Tiago, pra ver se ela me ajuda a lhe convencer ... Que cara chato do caralho! ... Alô, mamãe (já no celular), sou eu ... O avião só vai sair daqui a cinco horas e eu tô tentando convencer Tiago que a gente não deve mais viajar ... Sinceramente, mamãe, você não acha que ele devia me ouvir? ... Fale aqui com ele (e, entregando o celular a Tiago) ... Mamãe quer falar com você! (Mesmo no celular, o infeliz do irmão não conseguia articular uma palavra, porque o outro não se calava um só instante): Não adianta ser legal com você, né, Tiago? Tu é um cara muito teimoso, bicho! Eu num tô dizendo que vou com você pra onde você quiser, se você desistir? Olha: A gente sai daqui, vai no balcão da empresa, pede o dinheiro de volta e depois vai pra casa, pensar melhor ... Vamo simbora, Tiago, por favor! Tá certo. É assim, né? Quando você precisa de mim, você sabe que pode contar comigo, mas quando eu lhe peço um favor, você faz isso ... Tá certo! Tem nada não! Você ainda vai precisar de um favor meu ... Lembra daquela vez que eu ouví você, quando a gente viajou e eu atendí o seu pedido? Lembra?" - Nesse ponto, Tiago conseguiu fazer escapar a sua primeira frase: "Assim você tá chantageando, cara!" Daí o irmão deu um grito: "AGORA VOCÊ VAI ME DEIXAR FALAR, TIAGO!". Pronto. Foi o que faltava pra meu filho e eu irrompermos numa sonora gargalhada, até então engasgada entre risinhos sussurrantes. Quando vimos os dois já dentro do avião, não pudemos deixar de observar a cara de Tiago, com aquele ar próprio de satisfação dos vencedores, deixando claro que a perseverança, a paciência e a serenidade são virtudes inquestionáveis para se alcançar um objetivo, em contraponto à cara de desagrado do seu irmão, sentado ao seu lado ... Foi hilário! Isso nos deu "pano pras mangas" pra rirmos durante a viagem inteira.
Enquanto isso euzinha, que nunca perco uma chance de fazer de tudo uma piada, pensava, com meus botões: "Já tenho assunto pro meu primeiro post, quando voltar das férias" - sorrindo mordazmente.
Junto com a multidão que se comprimia no portão de embarque, disputando cada espaço existente nas cadeiras e até no chão, demos sorte de sentar perto de uma dupla (que inicialmente pensei tratar-se de um casal de gays) de irmãos que logo se tornaram o alvo das nossas atenções por protagonizarem uma cena digna de um quadro do programa televisivo "Zorra Total", em que um personagem, "Aderbal", mal consegue abrir a boca pra falar, porque a sua mulher não só interpreta o que ela julga ser a sua opinião, como não permite que ele, sequer, articule os músculos da face pra se pronunciar.
Ao ouvir que o avião se encontrava na pista mas tinha que aguardar autorização pra decolar, o irmão falador começou a tentar demover o outro da idéia de esperar e desistir da viagem, já que a estimativa de tempo pra decolagem era de cinco horas, conforme anunciado. O sujeito falava pelos cotovelos e a cada tentativa que o outro fazia de dar a sua opinião, ele fazia um aceno com a mão pro irmão se calar e argumentava: " Tiago, você não está sendo coerente! Olha só: A gente vai pra casa, come, dorme e amanhã a gente pensa em outra idéia ... Tiago, eu tô com fome, porra! Essa merda desse avião só vai sair daqui a cinco horas, no mínimo! Eu quero ir embora, Tiago ... Vamos! Por favor, Tiago! Você acha justo eu viajar só porque você quer? Hein, Tiago? Se eu for embora sozinho, papai vai me dar uma bronca porque deixei você viajar só, Tiago! Vai sobrar pra mim ... Tudo sobra pra mim, Tiago, porque eu sou o mais velho! Eu sou responsável por você, Tiago! Você não sabe que as suas merdas sempre sobram pra mim? Então? ( e Tiago não tinha o direito de abrir a boca, coitado) ... Eu vou ligar pra mamãe, Tiago, pra ver se ela me ajuda a lhe convencer ... Que cara chato do caralho! ... Alô, mamãe (já no celular), sou eu ... O avião só vai sair daqui a cinco horas e eu tô tentando convencer Tiago que a gente não deve mais viajar ... Sinceramente, mamãe, você não acha que ele devia me ouvir? ... Fale aqui com ele (e, entregando o celular a Tiago) ... Mamãe quer falar com você! (Mesmo no celular, o infeliz do irmão não conseguia articular uma palavra, porque o outro não se calava um só instante): Não adianta ser legal com você, né, Tiago? Tu é um cara muito teimoso, bicho! Eu num tô dizendo que vou com você pra onde você quiser, se você desistir? Olha: A gente sai daqui, vai no balcão da empresa, pede o dinheiro de volta e depois vai pra casa, pensar melhor ... Vamo simbora, Tiago, por favor! Tá certo. É assim, né? Quando você precisa de mim, você sabe que pode contar comigo, mas quando eu lhe peço um favor, você faz isso ... Tá certo! Tem nada não! Você ainda vai precisar de um favor meu ... Lembra daquela vez que eu ouví você, quando a gente viajou e eu atendí o seu pedido? Lembra?" - Nesse ponto, Tiago conseguiu fazer escapar a sua primeira frase: "Assim você tá chantageando, cara!" Daí o irmão deu um grito: "AGORA VOCÊ VAI ME DEIXAR FALAR, TIAGO!". Pronto. Foi o que faltava pra meu filho e eu irrompermos numa sonora gargalhada, até então engasgada entre risinhos sussurrantes. Quando vimos os dois já dentro do avião, não pudemos deixar de observar a cara de Tiago, com aquele ar próprio de satisfação dos vencedores, deixando claro que a perseverança, a paciência e a serenidade são virtudes inquestionáveis para se alcançar um objetivo, em contraponto à cara de desagrado do seu irmão, sentado ao seu lado ... Foi hilário! Isso nos deu "pano pras mangas" pra rirmos durante a viagem inteira.
Enquanto isso euzinha, que nunca perco uma chance de fazer de tudo uma piada, pensava, com meus botões: "Já tenho assunto pro meu primeiro post, quando voltar das férias" - sorrindo mordazmente.
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