Eu já comentei aqui sobre as posturas deste (triste) representante da Igreja Católica, que tantas polêmicas tem protagonizado, sempre em defesa do que há de mais retrógrado e antiprogressista no mundo atual. Atos de perseguição descarada e antiética a padres, a fiéis e a quaisquer desafetos que cruzam o seu caminho são a tônica deste arcebispo, sobre cujos ombros pesa a responsabilidade de substituir, nada mais, nada menos, que ao eternamente reverenciável D. HÉLDER CÂMARA, cuja trajetória de vida é um exemplo de luta por justiça social, fé, amor ao próximo e caridade cristã.
Ao invés de se espelhar no seu antecessor, este senhor concentra os seus esforços em perseguir aqueles que de alguma forma incorrem em algum agravo ao que dita a Santa Madre Igreja, colocando-a acima dos próprios seres humanos que a constituem. Na ocasião em que postei sobre ele, estava havendo uma celeuma quanto à sua atitude em "dedurar" ao Vaticano um padre local, muito querido e bem conceituado, - o Pe. Edvaldo, da paróquia de Casa Forte - porque este, na missa que realizou em comemoração aos seus 50 anos de sacerdócio, havia convidado um bisco da Igreja Anglicana para participar da solenidade. Resultado: Pe. Edvaldo foi suspenso das suas atividades por um período de três meses. Pouco depois, o arcebispo estava nas manchetes de jornais por ter sido denunciado por injúria e difamação a uma senhora, frequentadora da Igreja de Água Fria (um bairro aqui do Recife), acusando-a de amante do padre de lá, a quem, na verdade, ele queria substituir porque este discordava da sua forma inquisitória de conduzir o seu rebanho.
Agora esse cidadão é manchete de noticiários do mundo inteiro por ter
excomungado uma menina de 09 anos, que era estuprada desde os 06 por seu
padrasto e cujo abuso resultou numa gravidez de gêmeos, porque a sua mãe
autorizou a realização do aborto recomendado pelos médicos que a assistiram, já que a sua vida poderia estar em risco devido à imaturidade do seu organismo, ainda em formação pela pouca idade da vítima. Não satisfeito, o arcebispo ainda mandou à excomunhão a mãe da garota, que autorizou o aborto, bem como toda a equipe médica que o executou, na forma da Lei.
Sob o argumento de que a condenação não foi obra dele, mas da cartilha canônica que reza a excomunhão "latae sententiae", ou seja, automática, a quem executa abortos, ele se defende: "NÃO DEI A EXCOMUNHÃO. É A LEI DA IGREJA", esquecendo de que para que a punição tenha efeito é necessário que alguém a aplique.
É bem verdade que a Lei Canônica assim determina, mas não fosse o papel controverso de "Guardião da Igreja" - não das almas - que D. José assumiu desde que se viu à frente do Arcebispado, ele bem que poderia considerar os aspectos catastróficos que a gravidez da garota comportava, sendo o principal deles o risco da própria vida dela, já tão barbara e inexoravelmente marcada pela dor e o sofrimento a que foi exposta, assim como a de sua irmãzinha, também estuprada pelo mesmo padrasto desde os 11 anos.
Perguntado se o tal malfeitor das garotas também merecia a excomunhão, D. José foi enfático:
"NÃO! QUEM VAI JULGÁ-LO É DEUS".
E eu, na minha santa ignorância de leiga, fico aqui, com meus botões, a imaginar se não houvesse o celibato e esse arcebispo fosse pai de uma criança (quem há de garantir que não o é?) abusada dessa forma, será que a sua atitude seria a mesma? Talvez ... Quem sabe? Afinal, a realidade nos mostra o quanto a Igreja Católica aprecia os pedófilos ... CALA-TE, BOCA!!!
Sou de família católica por formação, mas me permito questionar algumas posições exdrúxulas da nossa igreja. Por que não?
A DITADURA ESTÁ DE VOLTA???
Eu não poderia encerrar este post sem falar sobre um assunto que me deixou indignada e que considero um absurdo jamais imaginável pelas cabeças mais porralocas existentes sobre a face da terra;
Lí no sempre recomendável blog da Luma uma notícia que me deixou estupefacta, estarrecida, boquiaberta, perplexa, atônita, pasma e um tanto quanto admirada:
A FOLHA DE SÃO PAULO publicou, dias atrás, um editorial em que relativiza as atrocidades ocorridas durante o nefasto período da ditadura militar, classificando-a de "DITABRANDA"(!!!). Que PINOCHET tenha usado este neologismo pra se referir aos horrores ocorridos no seu país, durante a sua nefasta gestão, até dá pra engolir. Mas um jornal como a Folha de São Paulo, até então respeitado pelos seus leitores, publicar um absurdo desses, é estarrecedor!
Como se não bastasse, aquele periódico, em resposta a cartas dos acadêmicos Maria Victoria de Mesquita Benevides e Fabio Konder Comparato, dirigidas ao painel dos leitores em protesto contra esse editorial expúrio, ainda perpetrou ataques ofensivos, irresponsáveis e descabidos a esses intelectuais, que tem uma respeitável história de luta em defesa das nossas liberdades civis.
Em sua defesa, um grupo de intelectuais lançou um abaixo-assinado, via Internet, em repúdio a essa conduta, no mínimo, irresponsável, do citado jornal.
Convido todos vocês a se juntarem a eles, nesse manifesto, pra evitarmos que esse período negro seja apagado da memória dos brasileiros, principalmente daqueles mais jovens, que, por não o terem vivenciado, possam questionar a sua existência, levados, que são, a crer numa imprensa que, longe de cumprir o seu papel primordial, que é o de informar e registrar a história, a deturpam e agridem vergonhosamente. Eu já fiz a minha parte!
O manifesto, é encontrado aqui.
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