terça-feira, novembro 18, 2008

O PREÇO DA VAIDADE



A gente tá cansada de saber sobre os trágicos estragos que o excesso de vaidade tem produzido nas pessoas, inclusive deformando-as de forma definitiva, especialmente as mulheres (vejam na foto o que essa mulher conseguiu tentando atingir a perfeição). Lí recentemente no blog da Luci sobre uma sul-coreana, Hang Mioku, de 48 anos, que chegou ao cúmulo de injetar óleo de cozinha (!) no próprio rosto depois que os médicos, tendo-a diagnosticado como psicótica, negaram-se a continuar lhe aplicando doses e mais doses de silicone. A pergunta que não quer calar é: QUEM CARGAS D'ÁGUA DISSE A ESSA CRIATURA QUE O ÓLEO DE COZINHA TERIA A PROPRIEDADE DE LHE ATENUAR AS AS MARCAS DO TEMPO? Vai ver, foi algum fabricante do produto ou, então, ela já tava tão doida, que incorporou uma batata frita ... Será?!
Bom, mas o que eu quero aqui é contar o "causo" de Sêo Adalberto, a propósito do tema vaidade, inspirada não só no post da Luci, supracitado, como num comentário da Susi no meu post anterior.
"Sêo" Adalberto era um coroa muito divertido com quem trabalhei na minha juventude, no escritório de uma indústria de grande porte em Caruaru. Ele era o que se pode chamar de uma figura "VIP" na sociedade local da época, por força da sua arte e maestria em decoração de ambientes, especialmente em festas de casamento, pelo que era muito requisitado, principalmente pelas famílias mais abastadas, até porque o preço dos seus serviços não poderia ser bancado pela ralé ignara, jamais. Mesmo se assim o fosse (e que Deus tape lá as "ouças", porque o velho Adalberto já partiu desta pra melhor), ele não se prestaria a tal desfrute, porque, diga-se de passagem, o outrora "rapaz alegre" não tinha lá grandes simpatias pelos menos favorecidos - como é de praxe nessa categoria - e isso, no seu entender, poderia comprometer a finesse do seu trabalho.
Como não poderia deixar de ser, pelo perfil aqui traçado, V-A-I-D-A-D-E era o seu nome e, portanto, aquela cidadezinha tão mixuruca, incrustada no agreste pernambucano, não oferecia condições para a sua requintada indumentária, o seu cartão de visita no exercício de arte tão identificada com o luxo das altas camadas sociais. Em vista disso, nas festas de fim-de-ano - ocasião que exigia um apuro maior no trajar - ele rumava pro Recife pra se "paramentar" de acordo com os ditames da moda, em casas especializadas e reconhecidamente chiques.
Segundo ele próprio, quando estava muito atarefado e não lhe sobrava tempo suficiente pra escolher a indumentária completa na capital, até encarava encomendar o terno a TINÉ, um famoso alfaiate local, mas uma coisa da qual jamais abria mão, era comprar os sapatos na loja mais badalada do Recife, a REMILET CALÇADOS. Isso, não!
Naquele mês de dezembro, na década de 60, ruma Adalberto pro Recife com a finalidade única de rebuscar as prateleiras da REMILET para, assim, cumprir o seu ritual: Escolher o sapato mais elegante que ali encontrasse, pra ARRASAR, pois sabia ser do conhecimento de todos esse seu mimo pra consigo próprio, cuja recompensa eram as apoteóticas exclamações ... "QUE SAPATOS LINDOS, ADALBERTO! ONDE VOCÊ OS COMPROU? - EM CARUARU É QUE NÃO FOI!" ... JÁ SEI!: FOI NA REMILET!!! Ritual este que as madames cumpriam à risca, pra não perder o prestígio nem correr o risco de serem por ele ignoradas quando precisassem dos seus préstimos. Pronto! Isso compensava tudo e encerrava o seu maior presente de natal.
Voltando àquele dezembro: Eis que, ao chegar à sapataria, seus olhos depararam-se com o mais belo, charmoso e inigualável par de sapatos que ele jamais vira em toda a sua vida. Chamando o vendedor, apontou, sem mais aquela: "Quero este aqui"! Só não contava com um pequeno detalhe que, a princípio, lhe pareceu a maior das tragédias: Havia apenas um exemplar daquela preciosidade e, por puro caiporismo somente compreensível se atribuído à velha e famosa "Lei de Murphy", este correspondia a dois números a menos que o seu!
Essa verdadeira catástrofe se atenuou quando, ao experimentá-lo, percebeu que nem tudo estava perdido, porque "até que calçou bem". Esse alívio foi imediatamente corroborado pelo vendedor, que, ladino, o aconselhou a encher os sapatos de molambos embebidos em álcool até a data da sua inauguração, operação esta que faria com que o cromo alemão cedesse mais, produzindo, então, o conforto desejado.
Foi exatamente assim que o lépido Adalberto procedeu, deixando os sapatos repousarem na tal solução até o dia da Missa das Cinco da tarde, evento que dava início oficial às festividades natalinas, uma semana antes da data do Advento e para onde convergiam os colunáveis caruaruenses, emergentes ou veteranos, os seus pares mais considerados.
Por ser uma missa muito concorrida, quando ele chegou já não havia mais lugares disponíveis pra assistí-la sentado e o inditoso Adalberto postou-se de pé, bem na frente do altar (pra que todos observassem a sua esmerada elegância), todo enfatiotado e vaidoso por se saber o centro das atenções ... Afinal, tinha muita gente alí cujo objetivo era muito mais ver seus novos paramentos do que cumprir suas obrigações religiosas - pensava ele, lá com seus chiquéééééérrimos botões.
Pra seu infortúnio, Adalberto esqueceu que a missa, tradicionalmente, era cantada - o que prolonga o tempo de duração em até duas vezes mais do que o convencional - e estando alí há tanto tempo, de pé e empertigado, começou a sentir primeiro uma dormência nas pernas, depois uma tontura, culminando com um mal-estar que foi se agravando, se agravando, até que, de repente, sentiu que as pessoas, inclusive o padre, se comportavam como se estivessem em câmara lenta ... Indo e vindo em sua direção... Os hinos cantados estralavam nos seus ouvidos que nem o apito da fábrica de caroá ou de uma locomotiva desafinada ... Até que fez-se um silêncio mórbido... Passados o que lhe pareceu ser alguns segundos (que, veio a saber depois, na verdade foram mais de 30 minutos), deparou-se com um monte de gente em cima dele, numa balbúrdia infeliz, cada um sugerindo uma ação ... "Afroxa o cinto dele!"- gritava um; "Desabotoa o colarinho!" - falava outro; "Tira-lhe o paletó!" - esbravejava mais um ... Enquanto ele, coitado, ali, deitado, morrendo de dor, apontava pros pés inutilmente, pois a posição do dedo, pra baixo, não oferecia qualquer indício aos socorrentes da origem daquele mal ... "Olha, ele tá apontando pra braguilha ... melhor que lhe tiremos as calças!"- ouviu de alguém... Foi aí que "Sêo" Adalberto, sempre tão elegante, vendo-se a ponto de semelhante indignidade, justamente na Casa do Senhor, juntou todas as suas forças e sussurrou: "Meus sapatos ... Tirem os meus sapatos, pelo amor de Deus!", antes de desmaiar de novo.
É, gente, a vaidade tem feito suas vítimas, mas jamais imaginei que ela pudesse pregar uma peça dessas e justo em alguém assim, um verdadeiro DANDI ... Ou seria BAMBI(?) Sei lá. Só sei que demos muita gargalhada juntos por causa dessa parada.
Foto publicada por: 50minutos.wordpress.com, encontrada na Google/Imagens
EM TEMPO: Essa desfigurada criatura da foto chama-se Jocelyn Wildenstein, uma perua cuja profissão é "Madame Fulano de Tal" que, loira como é, de tanto ser chamada de "gata" quis modificar a sua fisionomia até se assemelhar com o espécime felino para, assim, agradar o seu biliardário marido, que, obviamente, fugiu aterrorizado logo que percebeu o resultado da cirurgia, mas não sem antes dividir o seu patrimônio que era, de fato, o que interessava à MULHER GATO - Informação prestada pela sempre solidária e antenada amiga LUCI LACEY, "A MULHER QUE SABE TUDO". VALEU, LUCI!!!