segunda-feira, junho 11, 2007
TRAQUINAGENS PAREDISTAS
Hoje ví na TV notícias sobre greves de diversas categorias que estão eclodindo aqui em Recife e no cenário estadual que me fizeram viajar no tempo ...
Assim que a chamada "abertura política" iniciou, começaram também as reivindicações de trabalhadores de todas as classes e é claro que eu me engajei na luta dos bancários, que era a categoria à qual pertencia antes de me aposentar. A primeira foi pelo direito à carga horária de 06 horas/dia, pois o meu era o único banco, à época, que cumpria jornada de 08 horas diárias. Depois que conseguimos essa conquista, não perdí uma sequer! E aí se sucederam vitórias arrasadoras e derrotas humilhantes que dariam pra escrever um livro, mas o que me veio à lembrança foi um episódio que ocorreu numa dessas greves (acho que em 1986).
Havia uma colega que acabara de ser alçada ao cargo de gerente de uma das agências e que era "caxias" convicta, daquelas que entregavam colegas, faziam listinhas pra passar pros superiores, exigiam punição aos grevistas, etc... Chegando ao cúmulo de quebrar uma vidraça da própria agência pra ter um motivo de chamar a tropa de choque da polícia e provocar um confronto com os "baderneiros" - segundo ela. Mas a galera não estava alí pra brincadeiras e encarava as provocações dela com outras, em contrapartida. Não por acaso, ela era a "inimiga pública nº 1" do movimento e a gente se concentrava justamente naquela agência, pra tirá-la do sério, é claro!
E era um tal de fazer depósitos de R$ 1,00 (imaginem centenas de grevistas, enfileirados, pra depositar, cada um, essa quantia!) a fim de forçá-la a trabalhar, já que ela queria assim, mesmo contando apenas com um ou dois empregados mais temerosos, a quem ela porventura conseguisse aliciar com promessas de retaliações.
Depois dessa façanha de quebrar a janela, foi declarada a guerra contra essa criatura. Ficamos sabendo que ela estava obrigando os seus poucos comandados remanescentes (todos recém-contratados) a chegar ao banco às 05:00h da matina, pra evitar o nosso piquete, que começava, geralmente, às 7:00h e que não lhes permitia sair pra almoçar temendo que nós não os deixássemos adentrar o recinto quando voltassem do almoço. A pergunta que não queria calar era: Como é que esse pessoal vai almoçar? A resposta só nos foi dada quando flagramos um contínuo carregado de "quentinhas" tentando passar pelo piquete ... Coitado! Surgiu justamente no momento em que estávamos discutindo um revezamento de nossa turma pro almoço, pra não deixarmos a entrada da agência livre ... Não deu outra: Sequestramos as "quentinhas", dispusemos numas mesas que tomamos emprestado de um bar vizinho (que nos emprestou, também, os talheres), sentamos e fizemos a festa! Mas o delírio maior foi quando, mais tarde, vimos chegar a tropa de choque, que abriu um corredor polonês pra garantir a passagem dos novos almoços que a gerente havia mandado comprar, depois de pagar os nossos, é claro!
Tá certo que foi uma molecagem sem tamanho, mas que constituiu-se numa grande "vendetta" contra o ato de terrorismo praticado por aquela sacripanta e que nos fez dar muitas e boas gargalhadas, isso foi! A repercussão na assembléia, à noite, foi enorme e a tal madame acabou pedindo transferência pro interior ... Até a próxima greve, quando a gente foi bater à sua porta ... De novo! ...KKKKKKKKK !!!
Tenho muita saudade daquele tempo, em que os ingênuos arroubos juvenis nos faziam crer que havia solução para todas as nossas chagas sociais.
Assim que a chamada "abertura política" iniciou, começaram também as reivindicações de trabalhadores de todas as classes e é claro que eu me engajei na luta dos bancários, que era a categoria à qual pertencia antes de me aposentar. A primeira foi pelo direito à carga horária de 06 horas/dia, pois o meu era o único banco, à época, que cumpria jornada de 08 horas diárias. Depois que conseguimos essa conquista, não perdí uma sequer! E aí se sucederam vitórias arrasadoras e derrotas humilhantes que dariam pra escrever um livro, mas o que me veio à lembrança foi um episódio que ocorreu numa dessas greves (acho que em 1986).
Havia uma colega que acabara de ser alçada ao cargo de gerente de uma das agências e que era "caxias" convicta, daquelas que entregavam colegas, faziam listinhas pra passar pros superiores, exigiam punição aos grevistas, etc... Chegando ao cúmulo de quebrar uma vidraça da própria agência pra ter um motivo de chamar a tropa de choque da polícia e provocar um confronto com os "baderneiros" - segundo ela. Mas a galera não estava alí pra brincadeiras e encarava as provocações dela com outras, em contrapartida. Não por acaso, ela era a "inimiga pública nº 1" do movimento e a gente se concentrava justamente naquela agência, pra tirá-la do sério, é claro!
E era um tal de fazer depósitos de R$ 1,00 (imaginem centenas de grevistas, enfileirados, pra depositar, cada um, essa quantia!) a fim de forçá-la a trabalhar, já que ela queria assim, mesmo contando apenas com um ou dois empregados mais temerosos, a quem ela porventura conseguisse aliciar com promessas de retaliações.
Depois dessa façanha de quebrar a janela, foi declarada a guerra contra essa criatura. Ficamos sabendo que ela estava obrigando os seus poucos comandados remanescentes (todos recém-contratados) a chegar ao banco às 05:00h da matina, pra evitar o nosso piquete, que começava, geralmente, às 7:00h e que não lhes permitia sair pra almoçar temendo que nós não os deixássemos adentrar o recinto quando voltassem do almoço. A pergunta que não queria calar era: Como é que esse pessoal vai almoçar? A resposta só nos foi dada quando flagramos um contínuo carregado de "quentinhas" tentando passar pelo piquete ... Coitado! Surgiu justamente no momento em que estávamos discutindo um revezamento de nossa turma pro almoço, pra não deixarmos a entrada da agência livre ... Não deu outra: Sequestramos as "quentinhas", dispusemos numas mesas que tomamos emprestado de um bar vizinho (que nos emprestou, também, os talheres), sentamos e fizemos a festa! Mas o delírio maior foi quando, mais tarde, vimos chegar a tropa de choque, que abriu um corredor polonês pra garantir a passagem dos novos almoços que a gerente havia mandado comprar, depois de pagar os nossos, é claro!
Tá certo que foi uma molecagem sem tamanho, mas que constituiu-se numa grande "vendetta" contra o ato de terrorismo praticado por aquela sacripanta e que nos fez dar muitas e boas gargalhadas, isso foi! A repercussão na assembléia, à noite, foi enorme e a tal madame acabou pedindo transferência pro interior ... Até a próxima greve, quando a gente foi bater à sua porta ... De novo! ...KKKKKKKKK !!!
Tenho muita saudade daquele tempo, em que os ingênuos arroubos juvenis nos faziam crer que havia solução para todas as nossas chagas sociais.
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