quinta-feira, julho 23, 2009

EM DEFESA DA HONRA




O mais recente escândalo registrado no Senado Federal (até que venha o próximo) abriu uma oportunidade imperdível para darmos início a uma campanha de conscientização nacional como alternativa única na tentativa de resgatar a nossa dignidade, na condição de pais e avós que vislumbram um futuro menos obscuro pros nossos filhos e netos. Como convencer as novas gerações de que vale a pena ser honesto e digno, aceitando o cumprimento de etapas para o atingimento do seu amadurecimento rumo às conquistas que lhes almejamos, se todos os nossos ensinamentos se perdem no discurso quando eles se apercebem de que ser um homem de bem, na prática, significa ser "otário" ou de que anos e anos de estudos pagos em escolas particulares, diplomas e títulos não querem dizer nada se os seus pais não são tiverem relações de amizade com pessoas influentes ou, ainda, se eles próprios podem se articular com essas pessoas para atingirem o mais alto degrau da escala social sem o menor esforço?

Como pregar honestidade e firmeza de caráter num país em que o presidente do Senado Federal é flagrado usando o dinheiro público para apaniguar parentes e aderentes, presenteando-os com empregos nababescos na própria Casa do Povo, enquanto o dito povo se acotovela em filas quilométricas na tentativa de conseguirem subempregos que lhes garantam uma subsistência miserável e aviltante a qualquer ser humano? E o que dizer de um representante desse povo que mente descaradamente negando tudo, mesmo quando as suas conversas foram gravadas e jogadas na mídia pra todo mundo ouvir, agarrando-se à "teta" que o amamenta, e aos seus, a tantos anos, qual um náufrago prestes a se afogar? O descaramento dos nossos políticos é tão patente, que chega a ser jocoso!

Dentre todas as conversas gravadas nesse lamentável episódio houve uma que me deixou ainda mais indignada, envolvendo um neto do Sr. Presidente do Senado Federal que, muito aborrecido, ligou pro pai a fim de reclamar porque havia sido obrigado a viajar pra Brasília, a chamado do seu chefe "oficial", um certo deputado, que o convocou inesperadamente a comparecer ao "trabalho", coisa que muito o aborreceu. Então o papai, às gargalhadas, explicou que se tratava de uma "pegadinha" articulada entre si e o deputado, pra tirar um "sarro" do rapaz, só pra fazê-lo trabalhar um pouquinho ... "Nada sério, desculpa aí, meu filho, não precisa ir lá, não". Teve também a história do dinheiro pro carro novo, que o menino pretendia comprar. Daí o paizão fala "Você já ganha R$ 7.000,00, com mais 5.000,00 que eu te dou de mesada, ainda quer mais dinheiro? Lembre-se que você ganha mais do que os seus outros irmãos!".

Agora o advogado de Sua Excelência argumenta que as conversas não podem ser consideradas para efeito de punição dos envolvidos, porque foram gravadas sem autorização judicial e isso é "I-N-C-O-N-S-T-I-T-U-C-I-O-N-A-L... Ah, tá! Alguém, enfim, lembrou que existe uma Constituição a ser respeitada, desde que não o seja por quem tem, por ofício, o dever de defendê-la.

A verdade é que essa prática nefasta é exercida amplamente por todos os nossos "dignos" representantes, mas cada vez que a verdade vem à baila a gente se pega sonhando em dar um basta nisso e o selinho aí em cima nos dá uma dica excelente de como começar ... PENSEMOS NISSO!