segunda-feira, maio 04, 2009
ÉTICA E MORAL
Recentemente recebi por e-mail um texto cuja autoria é atribuida a João Ubaldo Ribeiro*, intitulado "PRECISA-SE DE MATÉRIA PRIMA PRA CONSTRUIR UM PAÍS", o qual comenta sobre a necessidade da EDUCAÇÃO no Brasil, de cuja inexistência resultam todos os desmandos que por aqui acontecem em termos de MORAL e de ÉTICA, enfatizando que enquanto formos uma "matéria prima" que impede o nosso desenvolvimento como nação, por considerarmos a "esperteza" mais valiosa do que a moeda corrente, nenhum presidente, magistrado ou legislador nos servirá e termina conclamando-nos a encontrarmos o culpado por essa "esperteza congênita" mirando-nos no espelho.
Também recentemente um sobrinho meu me contou dois fatos que me deixaram babando de inveja, sobre alguém que ele conheceu, recem chegado do exterior, onde morou por alguns anos (na ocasião, ele não lembrou de qual país o cara falava) e que lhe contou dois episódios marcantes em sua vida durante a sua estada por lá. O primeiro, foi quando ele pegou uma carona com um colega de trabalho que, por ter chegado muito cedo, observou que o estacionamento da empresa estava, ainda, vazio e resolveu deixar o seu carro numa vaga bem distante da entrada principal, o que os obrigava a fazer um longo caminho, a pé, até o interior da firma. O brasileiro, então, não entendeu o porquê daquela decisão do colega e resolveu perguntar-lhe por que ele tinha optado pela vaga mais longínqua, quando tinha tantas outras opções mais favoráveis aos dois. Foi aí que ele se espantou com a justificativa: "É que nós chegamos cedo e, portanto, temos bastante tempo pra adentrar o prédio, enquanto que os que irão chegar atrasados não disporão do mesmo tempo; daí, fica mais fácil pra eles se conseguirem uma vaga mais próxima".
Outro comportamento inusitado para os nossos padrões, observado por ele, foi o fato de que as pessoas lá fazem questão de abastecerem os seus carros com uma gasolina mais cara, já que nesse país não há exploração de petróleo, quando poderiam fazê-lo no país vizinho, cuja proximidade com a cidade onde ele morava é de alguns poucos quilômetros e onde existe o produto por um preço bem menor. A justificativa de todos é a de que deixando de comprar no próprio país, deixariam, também, de se beneficiar com o retorno dos impostos que são investidos na sua qualidade de vida.
Enquanto isso, aqui, do lado debaixo do Equador, o que é que a gente vê? Vê gente saindo daqui pra abastecer no Paraguai, bem como paraguaios abastecendo lá e esvaziando aqui. Afinal, o nosso lema é a conhecida "Lei do Gérson", aquela que nos preconiza "LEVAR VANTAGEM EM TUDO, CERTO?". ERRADO! ERRADÍSSIMO!!! É justamente por isso que banalizamos a desonestidade, a imoralidade, a falta de vergonha. Enquanto estivermos surdos, cegos e mudos aos atos reprováveis dos que nos cercam, estaremos sendo coniventes e, portanto, cúmplices do malcaratismo reinante na nossa sociedade. Somos pródigos em apontar os deslizes dos nossos governantes, esquecendo que, conforme enfatiza o aludido texto, nenhum sucessor destes jamais nos servirá, enquanto nós próprios não melhorarmos como "matéria prima", de forma individual, sim, mas sempre objetivando o aprimoramento coletivo e, mais que isso, ajudando a construí-lo.
Assim, se alguém que nos é querido é flagrado cometendo atitudes desonestas e ilegais, não será tapando os olhos, defendendo-o, ou atacando os seus apontadores, defensores da moralidade, da ética e da decência (felizmente, ainda os há) que estaremos ajudando essa pessoa, muito pelo contrário. Estaremos, sim, somando-nos à escória e aos vilões que tão veementemente combatemos quando nos são distantes.
* EM TEMPO:
A querida Betty, sempre antenada com o que acontece no ciberespaço, me fez o seguinte alerta: A Maris, do blog Clínica da Palavra, garantiu-lhe que o texto supra não é da autoria do João Ubaldo, mesmo circulando na Internet como tal. Ele faz parte de uma coletânea publicada pelo blog http://livrocaiunarede.blogspot.com, que denuncia e aponta esses boatos internéticos. Portanto, fica valendo o conteúdo apócrifo, que me inspirou a publicar este post. E que fique bem claro que não fui eu quem atribuiu a autoria ao ilustre escritor; Sou sua fã, mas sei que ele não precisa desse tipo de promoção.
Fica aqui o meu agradecimento a essas duas blogueiras arretadas, cujo trabalho em prol da seriedade na blogosfera em muito tem contribuido para o aprimoramento do que se publica por aqui. Valeu, meninas!!!
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