terça-feira, abril 21, 2009

A VIOLÊNCIA NOSSA DE CADA DIA


Hoje ví na TV mais uma família, aos prantos, lamentando a morte estúpida e desproposital de um ente querido. Nada de novo. Afinal, a banalização da violência já faz parte do nosso cotidiano e cada um de nós vive em constante aflição, pedindo a Deus pra que sejamos poupados desse sofrimento, qual "Januárias nas janelas", assistindo a tudo, impassíveis e impotentes espectadores do caos que se estabeleceu neste país de decrépitas leis, tão complacentes para os que as transgridem, quanto crueis e desalmadas para com as suas vítimas. O que chamou minha atenção e me tocou profundamente, neste caso específico - um assassinato brutal de uma mulher grávida cuja sentença de morte foi levada a efeito pelo bandido, simplesmente porque ela demorou muito a se desvencilhar do cinto de segurança que a mantinha presa à poltrona do seu carro, gesto este que o irritou a ponto de cometer essa barbárie - foi uma frase pronunciada por uma de suas parentas, no velório: "ATÉ QUANDO A SOCIEDADE VAI PERMITIR QUE ISSO ACONTEÇA? POR QUE NINGUÉM SE MEXE, ATÉ SER VÍTIMA DESSA VIOLÊNCIA? BASTA! A GENTE TEM QUE LUTAR PRA DAR UM BASTA NISSO!!! CADA UM DE VOCÊS, QUE ESTÃO ME OUVINDO AGORA, PODE SER A PRÓXIMA PESSOA QUE ESTARÁ PASSANDO POR ISSO, GENTE! CHEGA!!!"
Sentí profundamente o efeito desse desabafo; até me ví ali, no lugar daquela senhora e comecei a pensar como deve ser difícil perceber que a sociedade toda vai se condoer e lamentar aquela ocorrência, mas logo, logo, vai esquecer daquela cena e voltar aos seus afazeres esperando o próximo noticiário que, certamente, a repetirá, com novos personagens, em novos cenários, é bem verdade, mas a mesmíssima cena, indiferentes à dor dos que ficaram sem os seus filhos, pais, mães, parentes e amigos ... Até que a violência bata à sua porta. Fiquei pensando em mil formas de combater essa chaga social que não poupa ninguém. Ricos, pobres, trabalhadores, estudantes, donas de casa, mendigos, enfim ... Todos estamos à mercê desse risco, cada dia mais iminente e não se toma qualquer atitude para coibi-lo! Lembrei de uma frase que ouví ainda nos meus tempos de estudante e que nunca me saiu da cabeça: "O POVO É IGUAL A UMA BOIADA: NÃO SABE A FORÇA QUE TEM; SE O SOUBESSE, JAMAIS SE DEIXARIA LEVAR POR UM BOIADEIRO SÓ". Daí me peguei sonhando com um dia imaginário, no qual todos iríamos nos unir, saindo às ruas, batendo panelas, acionando buzinas, sinos, batuques de todas as percussões, em uníssono, exigindo o fim da violência e das leis protetoras de criminosos de todos os naipes, parando o país de todas as suas atividades, num grande cortejo nacional em defesa do nosso sagrado direito à vida ... Mas o meu sonho durou pouco, porque havia começado o noticiário das oito e nova onda de violência tomou a telinha, me fazendo acordar pra dura realidade que é viver num país sem cidadania ...Peraí ... O que é que eu tô dizendo? Afinal, acabo de declarar os meus rendimentos anuais à Receita Federal; pago os meus impostos (que são muuuuuuuuuuitos!) em dia (Tem alguma outra alternativa?); além de ter votado na última eleição, o que me faz perceber que, no final das contas, sou uma cidadã, sim! Alguém aí discorda?
Outra "solução" que me veio à cabeça, no meu devaneio, foi a de expatriar todos os "nossos" meliantes pros Estados Unidos, que punem severamente os que ousam burlar a lei. Um bom exemplo foi o daquele brasileiro feladaputa que estuprou durante anos a própria filha, com quem teve, até, filhos-netos (se é que existe o parentesco) e pegou maravilhosos 109 anos de xilindró, sem direito à condicional "... Sonha, sonha, Regina Célia... " - Ouví, baixinho, a triste voz da razão.
Tive, mesmo, que acordar, antes que alguém viesse me perguntar: "Cadê o "baseado" que tava aqui?". Sim, porque só quem tava num "táxi lunar", pra "viajar" assim. É, ou não é?
Imagem: bloglog.globo.com