Este é só mais um desabafo de uma mãe preocupada com os desmandos dessa juventude brutalizada pela falta de ideiais e de perspectivas, cujo futuro é cada dia mais incerto num mundo tão violento e desumano.
Sempre que vejo nos jornais e noticiários televisivos jovens de todas as idades perdendo a vida por um celular, um carro, ou um par de tênis, costumo me colocar no lugar das suas mães e choro não só pela vida que se perdeu em vão, mas também em solidariedade à dor daquelas que, impotentes, vêem-se apenas como mais um elemento estatístico nos boletins policiais. Então, vem aquele desespero natural de quem tem filho: "MEU DEUS, LIVRAI O MEU FILHO DE UMA DESGRAÇA DESSAS E A MIM DO INIMAGINÁVEL SOFRIMENTO DE VÊ-LO PARTIR ANTES QUE EU MESMA ME VÁ" - penso.
O que aconteceu ontem me deu uma clara idéia do quanto é difícil preservarmos nossos filhos de uma coisa assim: O meu filho, que tem 25 anos, é saudável e cheio de vida, saiu com a namorada e amigos para ver um show num bairro próximo ao nosso e voltou todo machucado, com hematomas horríveis e feridas abertas em todo o corpo, tendo escapado por pouco de morrer. Isso porque usava uma gargantilha de prata (dessas que andam muito em voga entre os rapazes de hoje)!
Estava eu num barzinho, rodeada pelos meus irmãos e muitos amigos, dançando um legítimo forró-pé-de-serra, quando fui chamada às pressas pra casa, porque o seu estado exigia cuidados ... Gente, eu desmoronei!
Foi então que a namorada dele e alguns amigos que haviam vindo deixá-lo em casa me contaram o que se passou: Enquanto aguardavam entrar na casa de show, um sujeito puxou a gargantilha do seu pescoço e ele, instintivamente, segurou o cara. Ato contínuo, surgiram mais de vinte comparsas do ladrão, que derrubaram meu filhinho no chão e passaram a esmurrá-lo e a lhe dar pontapés por todo o corpo, rasgando-lhe as roupas e deixando-o coberto de sangue!
Ah! meus amigos, quanta dor eu sentí vendo o meu menino, meu bebê, criado com tanto amor e carinho, assim, desprotegido, todo marcado pela violência que grassa, impune, neste país de tantos abandonos e de nenhuma cidadania!!!
Amanhecí arrasada, por motivos óbvios e mais ainda por saber que nada posso fazer, senão rezar muito para que nenhuma mãe possa passar por um momento assim ... Mas aí, ligo a TV e o que é que eu vejo? A notícia de que os matadores do adolescente que morreu, em São Paulo, vítima de um trote na USP, foram inocentados! Que o "menor" que seviciou, estuprou e matou o casalzinho cujo único pecado foi mentir pros pais, omitindo a "aventura" de acampar sózinhos, no mato, estará solto em alguns meses, protegido pelo execrável Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, mais uma triste herança da era Collor; Que Guilherme de Pádua e sua "doce" esposa estão aí, isentos de culpa, mesmo depois de terem assassinado barbaramente uma linda menina, talentosa e radiante!
Tô triste, meus amigos e, mais ainda, amargurada pela impotência. Sem falar no desasossego que agora tomará conta de mim cada vez que vir meu lindo filho sair pra a "balada". Não que antes eu ficasse tranquila quando ele saía ... É que agora isso vai tender a se agravar, dada a iminência da tragédia que nos abalou.
Desculpem-me por este post amargurado. Hoje não dá pra sorrir.
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