quinta-feira, setembro 08, 2005
Interpretando o dialeto nordestino
Quando eu conto as situações engraçadas que presenciei na vida, não raro escuto um comentário tipo "essas coisas só acontecem contigo". Ao invés de entrar numa "nóia" de que atraio o bizarro, prefiro pensar que é porque eu adoro observar o comportamento humano e, como sou uma risonha inveterada, estou sempre à espreita de qualquer motivo que me faça rir. Essa situação que vou contar agora sucedeu no meu antigo ambiente de trabalho, um banco social, onde lidávamos com pessoas de vários níveis de instrução, principalmente analfabetos que, por sua vez, nem sempre se expressavam com muita fidelidade à "flor do lácio".
Era um dia de grande movimento e, como supervisora, eu sempre estava "ligada" no eterno problema das filas quilométricas que se formavam nos guichês dos caixas, que eram a causa de grande insatisfação do público, por motivos óbvios, gerando muita reclamação e às vezes, até, tumulto - esse era o nosso grande pavor! Num determinado momento, observei uma espécie de altercação entre uma colega (no guichê) e uma cliente, uma senhora de aspecto bem humilde, com a maior cara de mal-satisfeita, de cenho franzido, brandindo o dedo polegar na direção da funcionária, a qual insistia em lhe mostrar a linha destinada à assinatura no cheque avulso, repetindo sempre: "a senhora tem que assinar aqui, ó"! Todas as vezes em que repetia a frase, lá estava a mulher a lhe mostrar o polegar e isso foi ficando irritante pra todos os que assistiam, chamando a minha atenção. Aproximei-me das duas e perguntei o que estava acontecendo ( abro este parêntese pra explicar que essa minha colega era a pessoa mais desligada da face da terra, sendo, até, motivo de piada entre nós a sua capacidade de entender o que lhe dizíamos de forma totalmente distorcida). Foi aí que quase desabei de rir, quando a caixa me contou o ocorrido.
A mulher se aproximou do guichê portando o cheque avulso (que deve ser, sempre, assinado na presença do caixa), ela automaticamente fez o fatídico "X" no campo da assinatura e iniciou o seguinte diálogo:
- Assine aqui!
- Tô legal! - dizia a cliente, ao tempo em que fazia o gesto de "legal", com o polegar em riste
- Tudo bem, minha senhora, que bom que a senhora tá legal, mas assine aqui, ó!
- Tô legal! - o gesto se repetia...
- Maravilha! Eu também tô legal, mas assine aqui, ó! Se não essa fila não anda ...
- Tô legal! - a mulher continuava gesticulando ...
- Olhe, senhora: A senhora tá legal, eu tô legal, mas pra ficar mais legal ainda a senhora tem que assinar aqui, onde eu fiz esse xis ...
- Tô legal! - ouvia a funcionária, já irritada e impaciente com aquele chove-não-molha ...
- Minha senhora! (alteando o tom da voz) Desde hoje que eu lhe digo que a senhora terá que assinar aqui, não tá ouvindo não?
Aí aquela cliente, no mesmo tom e bem mais aborrecida, responde:
- E "derna" de hoje qui eu lhe digo qui eu num assino ... É O POLEGAL!
Ou seja, aquele gesto queria dizer, simplesmente, que a caixa tinha que tirar a digital da cliente, não confidenciar o seu então estado de espírito ... Ah! Eu desmoronei de tanto rir e esta se tornou um dos clássicos das histórias vivenciadas por mim enquanto trabalhei naquele banco ... e que foram muitas! Logo, logo, voltarei com mais algumas dessas "pérolas", tá?
Era um dia de grande movimento e, como supervisora, eu sempre estava "ligada" no eterno problema das filas quilométricas que se formavam nos guichês dos caixas, que eram a causa de grande insatisfação do público, por motivos óbvios, gerando muita reclamação e às vezes, até, tumulto - esse era o nosso grande pavor! Num determinado momento, observei uma espécie de altercação entre uma colega (no guichê) e uma cliente, uma senhora de aspecto bem humilde, com a maior cara de mal-satisfeita, de cenho franzido, brandindo o dedo polegar na direção da funcionária, a qual insistia em lhe mostrar a linha destinada à assinatura no cheque avulso, repetindo sempre: "a senhora tem que assinar aqui, ó"! Todas as vezes em que repetia a frase, lá estava a mulher a lhe mostrar o polegar e isso foi ficando irritante pra todos os que assistiam, chamando a minha atenção. Aproximei-me das duas e perguntei o que estava acontecendo ( abro este parêntese pra explicar que essa minha colega era a pessoa mais desligada da face da terra, sendo, até, motivo de piada entre nós a sua capacidade de entender o que lhe dizíamos de forma totalmente distorcida). Foi aí que quase desabei de rir, quando a caixa me contou o ocorrido.
A mulher se aproximou do guichê portando o cheque avulso (que deve ser, sempre, assinado na presença do caixa), ela automaticamente fez o fatídico "X" no campo da assinatura e iniciou o seguinte diálogo:
- Assine aqui!
- Tô legal! - dizia a cliente, ao tempo em que fazia o gesto de "legal", com o polegar em riste
- Tudo bem, minha senhora, que bom que a senhora tá legal, mas assine aqui, ó!
- Tô legal! - o gesto se repetia...
- Maravilha! Eu também tô legal, mas assine aqui, ó! Se não essa fila não anda ...
- Tô legal! - a mulher continuava gesticulando ...
- Olhe, senhora: A senhora tá legal, eu tô legal, mas pra ficar mais legal ainda a senhora tem que assinar aqui, onde eu fiz esse xis ...
- Tô legal! - ouvia a funcionária, já irritada e impaciente com aquele chove-não-molha ...
- Minha senhora! (alteando o tom da voz) Desde hoje que eu lhe digo que a senhora terá que assinar aqui, não tá ouvindo não?
Aí aquela cliente, no mesmo tom e bem mais aborrecida, responde:
- E "derna" de hoje qui eu lhe digo qui eu num assino ... É O POLEGAL!
Ou seja, aquele gesto queria dizer, simplesmente, que a caixa tinha que tirar a digital da cliente, não confidenciar o seu então estado de espírito ... Ah! Eu desmoronei de tanto rir e esta se tornou um dos clássicos das histórias vivenciadas por mim enquanto trabalhei naquele banco ... e que foram muitas! Logo, logo, voltarei com mais algumas dessas "pérolas", tá?
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