domingo, setembro 11, 2005
Filismino
Filismino, cachaceiro inveterado e militante, vivia às turras com D.Maria, sua mulher, por motivos óbvios: Não "dava um prego numa barra de sabão", como se diz por aqui, pelo Nordeste, enquanto a coitada ralava lavando roupa pra trazer o velho pão-de-cada-dia pra dentro de casa.
No que o disgramado se destacava, mesmo, era no levantamento de copo e na conquista às eventuais companheiras de bar. Mas Filismino era criterioso ... durante a semana, contentava-se em bebericar na barraca mais próxima da sua casa, enquanto esperava D.Maria chegar pra "sapecar" alguma coisa pro "dicumê"; no entanto, ao entardecer da sexta-feira, Dia Internacional da Esbórnia, o folgazão botava a calça branca, de brim, bem engomada, sapato bicolor (alvinegro), uma camisa preta (filha única, diga-se de passagem, talqualmente a calça) domingueira, e lá se ia Filismino, careca brilhando, perfume barato ... caía no mundo e só voltava, via de regra, na segunda-feira de manhãzinha, pôôôôôôôôôdre de bêbado, pé no mato, pé no caminho ... e a vizinhança, acostumada com aquela rotina anos a fio, nem mais estranhava o bate-boca barulhento que lhe obrigava a despertar antes do programado:
- Maria, abre a porta, Maria ... eu quero dormir!
- Vá se fuder, seu filho da puta! Aqui em casa você hoje não entra!!!
- Toc, toc, toc ... Abre a porta, Maria!
- Eu já disse que bêbado, em casa, hoje você não entra! Vá procurar suas quengas! Vá pedir abrigo a elas! Quem come a carne, rói o osso!
- Toc, toc, toc ... Maria, você é uma boca-de-praga, Maria! - cambaleando
- Filismino, Filismino! Eu já disse que não vou abrir essa porta nem c'a gota serena! Você tá bêbado, seu porra! Me sai daqui na sexta, chega na segunda, nessas condições e ainda tem a cara de pau de querer empatar meu sono?
- Mas Maria ... a culpa é sua, com essa sua boca-de-praga, Maria! Você tem que parar de me rogar praga ... será possível que você não me tem nenhuma consideração?
- Que praga o quê, seu peste! Qual foi a praga que eu lhe roguei?
- Ó, Maria ... você se lembra quando eu saí daqui, na sexta-feira, o que foi que você disse?
- Eu sei lá que porra eu disse, fí de rapariga!
- Maria ... você disse: "Ah! Tá saindo agora, sexta-feira, todo alinhado, pra só me aparecer aqui na segunda-feira de manhã, todo sujo, vomitado e bêbado de matar de chapéu, né, seu merda?"
Tá vendo o que aconteceu? Tô eu aqui, bêbado, fudido, vomitado, na segunda-feira de manhã ... Tá vendo, Maria, o que você faz comigo? Desse jeito eu vou acabar me lascando todo, mulé!
E essa cantilena só acabava quando a pobre infeliz abria a porta pra ir pegar no batente ... Hehehehehe!
Agradeço ao Umzé, pela inspiração pra contar essa história, pois foi o seu post sobre o Ademar que me fez lembrar dessa figura inesquecível. Valeu, Umzé!
No que o disgramado se destacava, mesmo, era no levantamento de copo e na conquista às eventuais companheiras de bar. Mas Filismino era criterioso ... durante a semana, contentava-se em bebericar na barraca mais próxima da sua casa, enquanto esperava D.Maria chegar pra "sapecar" alguma coisa pro "dicumê"; no entanto, ao entardecer da sexta-feira, Dia Internacional da Esbórnia, o folgazão botava a calça branca, de brim, bem engomada, sapato bicolor (alvinegro), uma camisa preta (filha única, diga-se de passagem, talqualmente a calça) domingueira, e lá se ia Filismino, careca brilhando, perfume barato ... caía no mundo e só voltava, via de regra, na segunda-feira de manhãzinha, pôôôôôôôôôdre de bêbado, pé no mato, pé no caminho ... e a vizinhança, acostumada com aquela rotina anos a fio, nem mais estranhava o bate-boca barulhento que lhe obrigava a despertar antes do programado:
- Maria, abre a porta, Maria ... eu quero dormir!
- Vá se fuder, seu filho da puta! Aqui em casa você hoje não entra!!!
- Toc, toc, toc ... Abre a porta, Maria!
- Eu já disse que bêbado, em casa, hoje você não entra! Vá procurar suas quengas! Vá pedir abrigo a elas! Quem come a carne, rói o osso!
- Toc, toc, toc ... Maria, você é uma boca-de-praga, Maria! - cambaleando
- Filismino, Filismino! Eu já disse que não vou abrir essa porta nem c'a gota serena! Você tá bêbado, seu porra! Me sai daqui na sexta, chega na segunda, nessas condições e ainda tem a cara de pau de querer empatar meu sono?
- Mas Maria ... a culpa é sua, com essa sua boca-de-praga, Maria! Você tem que parar de me rogar praga ... será possível que você não me tem nenhuma consideração?
- Que praga o quê, seu peste! Qual foi a praga que eu lhe roguei?
- Ó, Maria ... você se lembra quando eu saí daqui, na sexta-feira, o que foi que você disse?
- Eu sei lá que porra eu disse, fí de rapariga!
- Maria ... você disse: "Ah! Tá saindo agora, sexta-feira, todo alinhado, pra só me aparecer aqui na segunda-feira de manhã, todo sujo, vomitado e bêbado de matar de chapéu, né, seu merda?"
Tá vendo o que aconteceu? Tô eu aqui, bêbado, fudido, vomitado, na segunda-feira de manhã ... Tá vendo, Maria, o que você faz comigo? Desse jeito eu vou acabar me lascando todo, mulé!
E essa cantilena só acabava quando a pobre infeliz abria a porta pra ir pegar no batente ... Hehehehehe!
Agradeço ao Umzé, pela inspiração pra contar essa história, pois foi o seu post sobre o Ademar que me fez lembrar dessa figura inesquecível. Valeu, Umzé!
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