sábado, fevereiro 11, 2006
ACREDITE NA FORÇA DA PALAVRA!
O sujeito chegou na feira, apeou do cavalo e foi tratar de negócios, como sempre fazia às quartas-feiras. Comprou o que necessitava para o provimento das necessidades da semana, encontrou os amigos de sempre, com quem almoçou, tomou umas e outras, jogou conversa fora e, lá pras quatro horas da tarde resolveu empreender o caminho de volta.
Ficou petrificado ao perceber que o seu cavalo não mais se encontrava no lugar onde o havia deixado de manhã, quando chegou.
Esbravejando, começou a indagar aos transeuntes se não haviam visto um cavalo com as características do seu, mas ninguém lhe deu qualquer informação animadora. Quando já estava se sentindo acabrunhado, um cidadão chegou bem juntinho dele e, sussurrando, falou:
- Se me pagar uma "meiota", eu lhe digo o paradeiro do seu cavalo.
O homem endoidou. Prometeu não só a meiota, como uma garrafa inteira de cachaça pela preciosa "dica". Levou o chantagista até o boteco mais próximo, pagou o prometido e obteve a informação de que precisava:
- O seu cavalo tá na fazenda do Coroné Fulano de Tal, mas o hôme é brabo que só um guará. Ele é acostumado a mandar os peão roubar os cavalos aqui, todo mundo sabe disso, mas ninguém tem coragem de ir lá, buscá-los, porque ele recebe t à bala quem se atrever!
Já bufando de raiva, o camarada pediu o endereço da tal fazenda, botou a sela nas costas e rumou pra lá, decidido a reaver o seu precioso equino.
Chegando na porteira da fazenda, a primeira coisa que avistou foi o seu fogoso alazão, dando pinote, no meio de um enorme rebanho. Batendo palmas, chamou um dos vaqueiros, que se aproximou com cara de "poucos amigos" e foi logo ouvindo o seu mal-humorado brado:
- Cadê o Coroné Fulano de Tal?
- Ele tá lá dentro ... O que é que você quer?
- Eu quero o meu cavalo, que ele roubou e não adianta negar não, porque eu tô vendo ele ali, ó! - Apontou.
O vaqueiro saiu com um sorrisinho mal-disfarçado, já prevendo o que iria acontecer, voltando em seguida:
- O Coroné mandou você sair daqui. O cavalo fica. E é melhor obedecer a ele!
- Obedecer porra nenhuma! Vá lá e diga a ele que libere o meu cavalo, se quiser evitar que eu faça aqui o que o meu pai fez em 1932!
Vaqueiro faz o percurso de novo e volta com o recado:
- Ele disse que não vai devolver o cavalo não!
- Olhe, diga a ele que ele vai ter que devolver, porque eu não quero fazer aqui o que o meu pai fez em 1932. E EU NÃO ESTOU BRINCANDO!
Foram tantas as vezes que o sujeito repetiu a ameaça e com tal veemência, que o Coronel, temendo pelo que poderia acontecer (já que não tinha a menor idéia do que é que o pai do cara tinha feito em 1932 - e ele parecia muito disposto a repetir a façanha), decidiu livrar-se dele, concedendo-lhe a recuperação do alazão ... até porque, aquele animal não lhe tinha custado nada, mesmo!
Depois de encilhar o cavalo, já montado, o sujeito se afastou da porteira e, quando ia a uns vinte metros de distância, ouviu a pergunta que não queria calar, vinda do próprio Coronel que, a essa altura, se corroía de curiosidade:
- Ô, FÍ D'UMA ÉGUA ... O QUE BOBÔNICA FOI QUE O SEU PAI FEZ AQUI, EM 1932?
- O MEU PAI SOFREU ESSE MESMO ATENTADO, PROVINDO DO SEU PAI, E TEVE QUE IR-SE EMBORA, A PÉ, ATÉ EM CASA, QUE FICA A MAIS DE SEIS LÉGUAS DAQUI, SEU PUTO!
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