terça-feira, novembro 01, 2005
MAIS UMA DE MÔNICA
Alguns aqui já conhecem Mônica, minha ex-assistente doméstica que era, à época em que convivemos (há muito não tenho notícias suas), o protótipo da inocência e do despreparo em matéria de vida social. Apesar disso, tinha uma disposição imensa para o aprendizado e estava sempre me questionando a respeito das coisas que não entendia. Enquanto morou comigo, protagonizou situações ora divertidas, ora emocionantes, as quais, vez em quando, vou relatar pra vocês. Numa delas, já contada aqui, ela mastigou a hóstia consagrada sem ter a menor idéia do que aquela "bolachinha" (palavra dela) pudesse vir a ser e se auto-flagelou semanas a fio, quando eu lhe expliquei do que se tratava; pois bem, esta história aqui não é menos bizarra, posso lhes assegurar:
Na época do vídeo-cassete eu costumava locar filmes diariamente e Mônica sempre me fazia companhia, embora não entendesse patavina do que estava assistindo porque, segundo ela, não compreendia como é que eu conseguia entender o que "aqueles hômi falava". Obviamente, o áudio em inglês tornava impossível pra ela acompanhar o desenrolar das tramas. Foi então que eu lhe expliquei que somente através da leitura das legendas isso seria possível e que o fato de ser analfabeta a descredenciava dessa façanha, aproveitando, também, para lhe fazer entender a importância de saber ler. Observando, porém, que ela continuava muito confusa, usei esta expressão: "Tá vendo essas letrinhas aí, na tela? Pois eu só entendo o que eles falam porque as leio e, como você ainda não sabe ler, não pode interpretá-las, compreendeu?" Pronto. Santo remédio pra que ela nunca mais voltasse a me questionar a respeito.
Nas férias de l988, minha irmã e eu resolvemos ir veranear numa praia próxima a Maceió, junto com nossos filhos, e, é claro, as respectivas babás (que ninguém é de ferro!). Ficamos num condomínio fechado aonde havia muitos turistas estrangeiros e lá um dia, quando almoçávamos no restaurante do balneário, observei que Mônica não conseguia se concentrar na refeição, interessada que estava em ouvir atentamente a conversação dos nossos vizinhos de mesa. Como já estava dando a maior bandeira (porque ela estava, literal e inconvenientemente, com o ouvido colado na boca de um cidadão muito distinto que havíamos conhecido o qual, na ocasião, hospedava uns amigos seus, americanos), repreendí-a, fazendo-lhe ver que aquela atitude era absolutamente intolerável, pela indiscrição de que se revestia. Foi aí que ela me saiu com essa:
- Ô, D. Regina, cuma é que Sêo Fulano (referindo-se ao nosso novo amigo) entende o que esses hômi tão dizeno? Detalhe: Mônica era gaga e isso me custou uns cinco minutos esperando o término da pergunta.
- É porque ele fala inglês, que é a língua dos seus hóspedes - respondí. E aí ela soltou esta "pérola":
- E ... e... e... (gaguejando) e cuma eu num tô veno as letrinha?!!!
Gente, a minha irmã ficou tão estarrecida com aquela pergunta, que começou a chorar de dó dela, tal a ingenuidade ali encerrada.
Claro que não deu pra rir, na hora, por uma questão de respeito à sua involuntária ignorância, mas que foi engraçado, lá isso foi!
Na época do vídeo-cassete eu costumava locar filmes diariamente e Mônica sempre me fazia companhia, embora não entendesse patavina do que estava assistindo porque, segundo ela, não compreendia como é que eu conseguia entender o que "aqueles hômi falava". Obviamente, o áudio em inglês tornava impossível pra ela acompanhar o desenrolar das tramas. Foi então que eu lhe expliquei que somente através da leitura das legendas isso seria possível e que o fato de ser analfabeta a descredenciava dessa façanha, aproveitando, também, para lhe fazer entender a importância de saber ler. Observando, porém, que ela continuava muito confusa, usei esta expressão: "Tá vendo essas letrinhas aí, na tela? Pois eu só entendo o que eles falam porque as leio e, como você ainda não sabe ler, não pode interpretá-las, compreendeu?" Pronto. Santo remédio pra que ela nunca mais voltasse a me questionar a respeito.
Nas férias de l988, minha irmã e eu resolvemos ir veranear numa praia próxima a Maceió, junto com nossos filhos, e, é claro, as respectivas babás (que ninguém é de ferro!). Ficamos num condomínio fechado aonde havia muitos turistas estrangeiros e lá um dia, quando almoçávamos no restaurante do balneário, observei que Mônica não conseguia se concentrar na refeição, interessada que estava em ouvir atentamente a conversação dos nossos vizinhos de mesa. Como já estava dando a maior bandeira (porque ela estava, literal e inconvenientemente, com o ouvido colado na boca de um cidadão muito distinto que havíamos conhecido o qual, na ocasião, hospedava uns amigos seus, americanos), repreendí-a, fazendo-lhe ver que aquela atitude era absolutamente intolerável, pela indiscrição de que se revestia. Foi aí que ela me saiu com essa:
- Ô, D. Regina, cuma é que Sêo Fulano (referindo-se ao nosso novo amigo) entende o que esses hômi tão dizeno? Detalhe: Mônica era gaga e isso me custou uns cinco minutos esperando o término da pergunta.
- É porque ele fala inglês, que é a língua dos seus hóspedes - respondí. E aí ela soltou esta "pérola":
- E ... e... e... (gaguejando) e cuma eu num tô veno as letrinha?!!!
Gente, a minha irmã ficou tão estarrecida com aquela pergunta, que começou a chorar de dó dela, tal a ingenuidade ali encerrada.
Claro que não deu pra rir, na hora, por uma questão de respeito à sua involuntária ignorância, mas que foi engraçado, lá isso foi!
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